quarta-feira, 29 de abril de 2020

Rompendo barreiras, aproximando públicos em museus

Acessibilidade tantas faces quanto dificuldades 

Quando não conhecemos de fato o outro mas desejamos aproximar leituras e compreensões

Os primeiros anos de minha vida, melhor até os meus 34 anos vive o processo de ir perdendo gradativamente a visão, tinha que ter quem me auxiliasse para andar em lugares desconhecidos, pedir descrições, usar os olhos de quem estava a minha volta e podia me auxiliar... fiz tudo para viver como se nada disso era necessário e a verdade é que enganei muita gente como o faço até hoje... A minha vivência me torna mais afeta do tema da acessibilidade mas não me torna mais apta a pensar ou discutir essas questões. Pensamos problemas na medida em que somos confrontados objetivamente por eles. 
Esse é o pano de fundo em que me encontrava quando conheci o Vinícius Scheffer no Museu de Arte Contemporânea em Fortaleza (MAC), conhecer esse dedicado educador que desenvolve as mediações e mediações para pessoas com deficiências auditivas, o meu desconhecimento sobre as questões práticas passou de surpresa para encanto; do teórico para o prático há um abismo as vezes. A entrevista com o Vinícius me só reafirma que: o elemento motivador de uma ação está sempre relacionada ao amor e ao desejo de estreitar laços, diminuir distâncias.  
Discorrendo sobre o seu trabalho e a transposição de conceitos e noções próprias das artes e da museologia para a linguagem em Libras, ficou claro que esta, é uma área que ainda inicia um longo percurso. A integração de grupos que se vêem marginalizados por entre outros fatores a incompreensão para as suas necessidades e anseios, alia-se ao triste discurso/realidade de que ao tratarmos de equipamentos culturais muito pouco, da já escassa verba disponibilizada, é destinada à tornar o acesso universal. 
Ouvir, tocar, chegar, são os três verbos que geram acessibilidade para frente a arte e a cultura podermos emocionar-nos. Tocar para ver, gesticular para ouvir, rampas , elevadores e pisos diferenciados para chegar. Também ter quem receba com a gentileza e a sensibilidade de quem pode romper barreiras.
Obrigada, Vinícius por 60 minutos que poderiam se desdobrar em horas frutíferas para nós que pensamos museus e patrimônio e as artes mas principalmente para todos que querem um mundo mais igualitário e democrático.

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