segunda-feira, 30 de março de 2020

Galvão com o GEMAP

Na passada quarta feira tivemos a oportunidade de fazermos um debate via SKYPE com o Grupo do GEMAP que teve como convidado especial o autor do texto que publicamos: Roberto Galvão.

Como informe chegamos a ter uma audiência de 60 pessoas entre o uso do Instagram, e Facebook.
Devo confessar que não tenho ideia de como isso funciona e a parte técnica foi administrada remotamente pelo Carlos Eduardo Almeida que tem sido o grande impulsionador neste sentido. O  que começou às 16:30 se estendeu até as 19hrs, ou seja, mais de duas horas de transmissão e proveito para todos nós.

Pretendemos continuar o debate dentro da discussão do conceito decolonial e as nossas práticas.
Dia 8 de Abril temos mais um encontro marcado e estarei disponibilizando leitura.
Fica aqui então um muito obrigada Professor Roberto Galvão por sua generosidade.

Namastê


( foto: RR - Porto atelier de Gravura da Arvore 2015)

terça-feira, 24 de março de 2020

Decolonização nas Artes





O seguinte texto é de autoria do Roberto Galvão e está aqui publicado na integra com sua autorização para fins de orientar o debate a ser realizado dia 25 de Março de 2020 online com o GEMAP às 16:30 horário de Brasília.




DECOLONIZAÇÃO NAS ARTES
Roberto Galvão



É preciso perceber o processo atual da colonização que nos impõem os centros de poder cultural como uma ocupação ideológica, que se dá através da educação e não da ocupação territorial.
Vivemos hoje um processo que se utiliza da desterritorialização dos Estados, onde os Estados são maiores ou menores que seus territórios. Um exemplo prático do que estou falando é o Estado de Israel. Ele é bem maior que o seu pequeno território, Israel é um estado desterritorializado que está em muitas partes do mundo, principalmente nos Estados Unidos e na Europa. O Brasil seria um exemplo às avessas. Somos bem menores que o nosso imenso território.

POR UMA OPÇÃO NOS FAZERES DAS ARTES E NA HISTÓRIA DAS ARTES

Apenas com um pouco de observação e sensibilidade, ao se deitar os olhos sobre as nossas produções artísticas mais incensadas e para o que nos é contado em nossa história das artes, logo se percebe a existência de uma ideologia cruel que controla o pensamento dos nossos historiadores, artistas, dos seus familiares e dos seus pais e amigos e até dos jovens estudantes de arte.
Imagina-se o artista, em senso comum, como um produtor de bens estéticos, sofisticados, de consumo de luxo. E pior, vivendo numa sociedade pobre, para não dizer miserável e inculta. E se o artista não obtém ou não consegue atingir o nível de mercado esperado, forma-se um clima de fracasso, de insatisfação para o artista, para os amigos e familiares.
Nisso, nessa postura, pode-se perceber, existe um grande equívoco. A razão de ser do artista não é produzir para o mercado, para alcançar sucesso ou obter ganho monetário. Se ele for atingido pelo sucesso, tocado pela riqueza - ótimo. Mas esse não é objetivo primeiro de quem se propõe a fazer arte e ser artista. É desvelar o mundo, comunicar as suas observações e visões, expressar-se.
É como se o objetivo de um médico fosse realizar muitos atendimentos diários em seu consultório ou realizar um grande número de cirurgias semanais e não – conseguir restituir a saúde de seus clientes.

Imagine um sacerdote se notabilizar positivamente pela quantidade de missas realizadas ao dia ou casamentos em igrejas dos bairros ricos de sua paróquia. Imagine um padre sentindo-se fracassado porque não conseguiu encomendar 30 corpos no mês.
Na verdade, a função dos artistas é formativa. É produzir arte, entre outras coisas, para desenvolver a cultura, ampliar a sensibilidade dos seus observadores, mostrar novas visões do mundo, promover novos modos de entender as coisas, mostrar novos olhares, possibilitar novas leituras, desafiar os padrões estabelecidos possibilitando novas consciências, novos pensamentos criativos.
Com esses objetivos, devemos fazer a opção por aderir as práticas que foram inviabilizadas, reprimidas, proibidas sob comando de uma ordem acadêmica colonialista e de um modernismo internacionalista castrador dos conhecimentos e das culturas ditas locais, talvez até mais universais que algumas europeias.
Estamos vivendo um impasse: ou aceitamos ser ideologicamente dominados ou partimos para uma ruptura radical e fazemos uma opção crítica, antropofágica, devorando o que é bom para a nossa cultura, para as nossas artes, atendendo nossas necessidades e desejos livres de interesses alienados e alienantes. De qualquer maneira temos que nos reposicionar e reorientarmos nossos caminhos. Primeiro precisamos saber quais são realmente os nossos desejos. Temos que escolher o que desejamos. Existem coisas nesse processo de aculturação ou mundialização eurocêntrica que pode nos ser útil? É claro que existem. Mas, a decisão deve ser nossa sobre o que devemos beber e sobre onde devemos alimentar os nossos espíritos e mentes. Não devemos aceitar nada que nos seja imposto, principalmente artistas e historiadores não devem e não podem aceitar prescrições.
Que tal pensarmos criticamente sobre o eurocentrismo cultural que nos domina; sobre a visão excessivamente capitalista que se imbrica com os fazeres artísticos; e sobre a degradação ambiental, o neoliberalismo, o colonialismo, o racismo, e o machismo. Na verdade, os artistas deveriam trabalhar para defender os valores éticos; a justiça social, com uma melhor distribuição de renda, com salários mais justos; a liberdade de pensamento e expressão; e o acesso integral ao ensino de qualidade, ao esporte, a cultura e ao lazer.
É preciso fazer perceber de modo claro que depois de séculos de colonialismo, embora a ocupação física tenha sido extinta, as posturas colonialistas continuam vivas. Estamos em um colonialismo agora mais sofisticado, talvez até mais penetrante. Ainda vivemos maneiras de conhecer controlados: o lazer é controlado, o modo de vestir é induzido, o modo de pensar é formatado, a comunicação é controlada.
É preciso resistir contra o controle colonialista, contrapor as suas estratégias. É preciso decolonizar as técnicas, o ensino, as leituras, a estética, a arte e a história das artes. É preciso tirar das sombras algumas manifestações culturais que foram eclipsadas ou reprimidas. É preciso decolonizar os modos de criação, de se fazer pesquisa e de pensar, inclusive. É preciso decolonizar o modo de redefinir o que é e o que não é arte. É preciso questionar os modos de se estabelecer hierarquias no campo estético.
Por que a pintura é arte e o bordado é artesanato? Por que o que denominamos arte é superior ao que denominamos artesanato? Por que expor em Paris é melhor que em Sobral? Como cantar no Olímpia é mais significativo que cantar no São João? Por que o erudito é superior ao popular? Por que o novo em Nova Iorque é novo, e o que é verdadeiramente novo no Alto do Cristo não é percebido e reconhecido?
Por isso é preciso ser, ter e assumir um olhar crítico. É preciso perceber a existência de outras histórias das artes, além da europeia. Existe muita coisa que foi apagada, esquecida, lançada na escuridão.
É preciso, talvez, pensar e tentar reescrever a história das artes, da cultura ocidental, mundial. É preciso talvez refazer ou mudar o cenário dessa cena teatral em que se transformou a História das artes. É preciso repensar a arte universal. Por que a arte universal é a arte Ocidental? A China, o Peru e o Senegal não existem? Por que não se valoriza as artes não europeias?
Por que não pensar na existência de múltiplas temporalidades? Parece que o tempo que vale é o tempo eurocêntrico. Na verdade, existem visões de mundo distintas. O certo é que precisamos decolonizar o espaço, o tempo, a história, a geografia, os saberes, os fazeres e a estética. A decolonização das artes, da história das artes, da geografia das artes é uma posição política que deve ser observada. É preciso decolonizar o discurso moderno, branco, racista, ilustrado, patriarcal, capitalista. É preciso ser crítico e pensar até onde esses valores têm algo de verdade ou é estratégia de dominação.
A OPÇÃO DECOLONIAL NAS ARTES
Como já foi dito, embora o sistema colonial dominante das regiões centrais sobre as periféricas não empregue mais o controle direto e a possessão territorial das regiões subalternas, o colonialismo hoje continua vivo e se constitui numa ampla gramática social que atravessa a sociabilidade, os espaços públicos e privados, a cultura, as mentalidades e as subjetividades dos povos habitantes dos países periféricos.
Para fazer frente a essa situação, segundo Mignolo (2007), torna-se necessário a realização de um processo de descolonização epistêmico, ontológico e prático. Ele nos propõe que nesse processo devemos pensar e procurar encontrar alternativas econômicas novas; outras teorias e ordenações políticas que melhor se adequem às nossas aspirações de justiça social e, sobretudo, novas formas de enfrentar a vida e viver.
Também nos propõe que temos que abrir mão e retirar de nossas mentes as formas de saber e resoluções de problemas que não são nossas e nos foram repassadas de modo impositivo nos processos educativos colonialistas e da ilusória retórica da necessidade de ser modernos e da própria modernidade que, na verdade, nos escraviza ideologicamente.
Então, é preciso descolonizar os nossos saberes e os nossos modos de ser para abandonarmos valores que nos aprisionam, como o utópico desejo de modernidade cujas características primeiras são o consumo, a violência e a destruição, deixando de lado as estruturas sociais de origem patriarcal, a hegemonia capitalista.
Precisamos buscar novas subjetividades, outros modos de ser, de interagir com o que se nos apresenta como realidade, e melhor conhecer e nos apropriarmos do mundo em que vivemos.
Assim pensando, surgem algumas questões para os artistas:
Na prática, como podemos desenvolver essas propostas no campo das artes? Seria possível um modo de se fazer arte ou expressarmos esteticamente as nossas percepções de mundo diferente do que modo nos foi ensinado. Podemos resgatar o que nos foi sonegado, eclipsado lançado no esquecimento nos campos de nossas subjetividades e fantasias estéticas?
E, no caminhar vão surgindo novas questões:
Seria possível olhar novamente a nossa história das artes, e perceber que muitas vezes elas mentem e, modo crítico, abdicar de alguns valores e opções estéticas que na verdade não são nossos e, pior, são alienantes?
Será que temos condições reais de aceitar como corretos e verdadeiros alguns modos de fazer e de produzir que são enraizadamente coletivos, genuinamente nossos, interculturais e desafiam a lógica interna do capitalismo?
Será que é impossível perceber que, na verdade, pelo menos nas artes, não somos periferia? Que, de fato, no nosso campo, não existe centro, nem periferia? Que a produção estética é mundial, no sentido de plural, intercultural e temporalmente não linear, no sentido de não tem origem hierarquizada e de não poder ser enquadra em cronologias unidimensionais?
E logo virá uma dúvida fundamental:
Será que jamais perceberemos que as linguagens artísticas não são universais, como se afirma em senso comum, e que, pelo contrário, na verdade as culturas são condicionadas, por suas circunstâncias geopolíticas e etnocêntricas, constituindo-se a propalada universalidade da arte em mais uma mentira eurocêntrica?

CAMINHOS DESAFIADORES
Quais os caminhos que devemos trilhar para encontrar respostas admissíveis para esses desafios que nos são apresentados?
Acredito que a primeira trilha por seguir encontramos nas propostas pedagógicas de Paulo Feire. Devemos buscar ser sujeitos e construtores de uma visualidade apoiada em nossa realidade física e cultural.
Devemos deitar os nossos olhares de modo crítico nas tradições artísticas que o nosso povo foi capaz de apresentar fora dos padrões colonizados. Observando essas produções despidos de preconceitos logo perceberemos que encontraremos nesses produtos soluções estéticas para um devir artístico mais em sintonia com o nosso modo de ser. Acreditamos que essa atitude muito ajudaria em deixarmos, pelo um pouco, do que fazem os nossos produtores culturais na buscar de inspirações nas produções europeias ou diretamente subsidiária da cultura europeia, como a arte americana.
Um outro caminho seria repensar os processos discursivos de nossa crítica artística, ainda sistematicamente dependente e arraigada a valores e propostas colonizadas, onde parece que o objetivo fundante dos nossos fazeres artísticos seria/é alcançar as propostas apresentadas nos centros culturais dominantes. Eles, os centros culturais dominantes: Paris, Londres, Nova Iorque, Veneza, seriam os geradores de tendências e, a nós periféricos, caberia apenas o papel de adequarmos nossas propostas ou seguir seus percursos. E o que aqui fosse/é gerado de diferente dos centros culturais, mesmo carregados de força e novidade estética, não existiria.
Outra trilha necessária de percorrer é reescrever a nossa história das artes sob novos olhares mais críticos: a importância da produção do artista sobralense Raimundo Cela não está em se assemelhar a Joaquim Sorolla ou Frank Brangwyn. Está na incorporação da luminosidade do Ceará em suas cores e na apropriação da temática do trabalhador cearense como elemento central de suas pinturas.
A qualidade da obra de Antônio Bandeira não está na sua sintonia com a produção de Wols e Brien e sim na captação das luzes das cidades vistas de longe e na abstração da explosão de fagulhas que percebeu nos trabalhos da fundição de seu pai.
A importância das pinturas de Chico da Silva não advém de sua premiação em Veneza e sim na assunção das maneiras de aplicar cor que ele aprendeu em nossas artes populares e mais adiante na incorporação no modo de produção artesanal talvez colhido entre as bordadeiras e labirinteiras das praias cearenses.
A história da arte brasileira está e estará profundamente comprometida se aceitarmos, de modo não crítico, a sua subalternização diante da história da arte europeia. O correto seria/é incluir e aceitar como legítimas e verdadeiras as artes sem influências colonialistas. Se soubermos incorporar as tradições estéticas locais em nossa história, só assim poderemos construir um território de arte com pensamento próprio, autêntico, com possibilidade de produzir identidade e de questionar valores que, em estando aqui, impostos ou não, estão fora de lugar, não são verdadeiramente nossos.
Ressalte-se que o que propomos não é negar os valores europeus que nos são transmitidos como globais ou apenas uma questão de inverter polos. É uma postura de inclusão de nossos valores, colocando-os em cena. É um processo de retirar da escuridão muita coisa que foi lançada na sombra e de dirigir os refletores para essa produção esquecida. Mostrar que existe arte fora da Europa que ela possui qualidade independentes do cânon que foi instituído pelos colonizadores.
Questionamos, também, essa aparente obrigatoriedade de os artistas serem contemporâneos. Não devemos aceitar essa imposição que nos empurra para todos sermos “internacionais” (perceba-se que o internacional geralmente é o europeu), seguindo pendores que não são nossos e de sempre estarmos atualizados com as novas tendências das artes europeias. Isso é coisa de oportunistas e não de artistas. Acredito que o artista tem que fazer o que lhe vem na telha, o que o seu coração pedir, e o resto que se dane. Artistas têm que fazer apenas que a sua obra seja verdadeira, nada mais.
Também devemos questionar essa dependência que surgiu nos últimos tempos de obtenção de reconhecimento somente através da aceitação de nossas artes através do aval dos curadores. Exerço muitas vezes o papel de curador de exposições, mas estar nessa posição não me confere a capacidade de atribuir ou (indiscutivelmente) reconhecer as qualidades de um trabalho artístico. O curador pode analisar a competência técnica da realização, da inserção da obra num determinado contexto, da sua originalidade, da adequação dos materiais empregados, etc. Mas, quem tem capacidade de dizer é ou não é; se é bom ou não é o tempo. O artista propõe obras, o tempo reconhece como válidas ou não. Todo o resto é invenção de quem trabalha para ou pretende controlar o mercado.

- (Roberto Galvão é artista plástico, historiador e arte educador.

Procurem ver na internet algo sobre:
- ANIBAL QUIJANO
- CATHERINE WALSH
- RODRIGO CASTRO ORELLANA
- PAULO FREIRE
- WALTER MIGNOLO

Bibliografía de textos que, diretamente ou indiretamente, abordam questões sobre Decolonialidade colhida em fontes varias:
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Sobre o Autor - Professor Roberto Galvão

Texto extraído da aprestação da Exposição Mato Branco na UVA


No cenário das artes no Brasil, este artista que logo no início de sua carreira levou a arte Cearense para os Salões da Bienal de São Paulo tão cedo quanto 1975, oportunizou a formação contínua de arte educadores, a formação de jovens artistas, a promoção da cultura e do reconhecimento do artesanato Cearense. Enquanto curador trouxe importantes exposições nacionais e internacionais, nos oferecendo a oportunidade de ver e sentir de perto o que não se imaginava vir às “Terras do Sol”.
A pessoa  de aparência pacífica guarda uma alma irrequieta e diligente, Roberto Galvão é um dos primeiros Historiadores do Ceará a pesquisar a arte, os artistas e o artesanato. A carreira de artista alia-se a de autor tendo já publicado mais de 30 livros sobre além de dezenas de artigos e textos, inclusive para fins didáticos, usados em programas de formação contínua de professores de arte e para guias e mediadores para o património.
Artista plástico, nascido em Fortaleza, domina grande parte das técnicas e materiais de seu ofício. Exímio desenhista, com um senso de observação privilegiado, o pintor  explora as subtilezas da cor com a mesma facilidade que o gravador prepara suas matrizes e eleva a xilogravura ao reconhecimento que tem hoje : ARTE.
Receber a obra deste artista que tem ao longo destes últimos 20 anos contribuído de forma tão generosa e objetiva para a formação de públicos e artistas de Sobral e da região é para a Universidade Estadual Vale do Acaraú um prazer e uma honra. 
R. Raick
Sobral, Outubro de 2019.




Estudos em Museologia, Arte e Patrimônio

O Grupo de Estudo em Museologia, Arte e Patrimônio criado em Junho de 2019 junto ao Curso de Licenciatura em História na Universidade Estadual Vale do Acaraú, tem se organizado como um fórum de debates onde a partir das experiências individuais de seus membros enquanto profissionais ou pesquisadores se debruçam sobre as questões relativas às artes, o Patrimônio e a Museologia e suas práticas.
Ao longo de nossa existência conseguimos realizar sistematicamente encontros quinzenais onde cada um dos membros e convidados trouxe sua experiência. O grupo tem uma estreita relação com outro grupo de estudos da Universidade GEPPU que vinculado ao grupo de pesquisa sobre pedagogia universitária e as questões da inovação orientado pelas Professoras Adriane Campani e Rejane Maria Gomes da Silva.

A nossa marca foi desenvolvida recentemente e é composta pelo desenho do capitel das colunas que sustentam o pórtico interno da Reitoria e uma estilização da marca da UNESCO referente ao Patrimônio Cultural da Humanidade e os círculos concêntricos representam a mentalidade holística necessária para se compreender e atuar nessas áreas.  

A nossa propositura é uma aberta e interativa; nesse sentido agora em tempos de isolamento social nos organizamos para desenvolver encontros virtuais a começar por no dia 25 de Março debatermos com o Professor Roberto Galvão seu texto sobre Decolonial que recebemos a autorização de publicar aqui e assim o tornar acessível ao público. 


O texto trata de nos instigar para refletir sobre os conceitos de decolonial, (des)colonial e suas consequências efetivas em torno da produção artística e intelectual. O artigo traz ainda uma significativa coleção de referências acadêmicas e artísticas que subsidiam a reflexão e nos incita a refletir além.

quarta-feira, 18 de março de 2020

Amanhã, 19 de Março



Amanhã será comemorado o dia de São José, padroeiro de Ceará, marceneiro, artesão, gentil e silencioso personagem das narrativas bíblicas. Homem ímpio, temeroso a Deus e resiliente... São José que protegeu e guiou enquanto pôde sua família, ensinou um ofício ao filho que adotou e jamais, que se saiba, duvidou de sua missão enquanto pai.
Amanhã em meio à uma saga internacional contra um vírus que se deu um nome e um número, provavelmente iremos esquecer de refletir sobre o artesão. São José é o patrono do ofício de todos nós que trabalhamos com nossas mãos transformando coisas, criando soluções e objetos. As mãos calejadas da velha ou da avó que acalentam os males de uma criança, são as mesmas que transformam a palha em cesto, a juta em tecida, o algodão em fio. O saber milenar que carregam as memórias de um tecelão é como a magia de um alquimista que extrai da casca cor e luz, o dom da criação de um ceramista que faz do barro forma.
A Maria do Barro me disse muitas vezes que tínhamos que ensinar a fazer a panela para que as enchessem ... fui ler em um conto Zen Budista este princípio tão óbvio, tão simples, tão difícil de se realizar. As mãos da Maria eram as mãos de quem viveu cada dia como único, seu toque sobre o barro o transformava ... quantas vezes não começamos nosso trabalho com a forma de um feijão, um ovo, passando para uma panela. Criávamos e ensinávamos a perceber que da terra vem tudo, essa generosa mãe que não tem piedade de revelar aos seus filhos o bem e o mal. Mais de trinta anos se passaram e nunca mais falei sobre a Maria...ela era Cearense e foi a primeira artesã a ser agraciada como Mestre Popular pela UNESCO... essa memória se perdeu.
O Ceará é um Estado estranho, andamos centenas de quilômetros e mal vemos uma plantação, percorremos o sertão e vemos mato branco mas raramente vemos gado, sabemos que há vaqueiros mas esse são como lendas ou fantasmas na mata seca... andamos pelos povoados e sempre vemos uma mulher sentada à beira da porta suas mãos não param, sua atenção não desvia da criança, da estrada ... silenciosamente ora, trabalha, espera.
Tenho um Ceará romantizado dentro de mim, um lugar onde se luta e sobrevive, onde desapercebidamente as mulheres vão garantindo o estudo de seus filhos, a orientação da economia doméstica... um estado que deve tudo a uma população que vive e trabalha na informalidade, que finge não existir mas que se orgulha do que é.
A beleza de um bordado, uma bainha aberta, o crochete que enfeita as varandas das redes de dormir, a cadeira de couro que passa de geração para geração, o labirinto, o gibão, a sandália de couro, a mala que carrega isso tudo, a esteira onde por fim estendemos o corpo... tudo isso é parte de uma cultura que se desdobra nas vidas de todos nós e que ao mesmo tempo se perde em meio aos sons e as palavras da modernidade e do esquecimento.
Amanhã é dia de São José, dia do artesão, dia de olharmos para as mãos que transformam a crua realidade em beleza e bem, é dia de agradecer esse saber proveniente da vida que não se conhece a razão ou a origem mas tem a ciência inegável do cosmos.
Amanhã se lembrarmos será uma forma de resistir.
18 de Março de 2020

Ações Educativas : a novidade do conhecido

Sobre as Ações Educativas

a importância dos jogos
sua funcionalidade dentro dos processos educativos e de socialização
o conhecido e a criatividade.



Imaginem este inicio de publicação tem quase 3 anos.... vou colocar só pelo registro.

18ª Experiências Museológicas

2019 Uma história que continua

O tempo passa e os desafios sejam ele de que natureza se manifestem continuam a se manifestar. As Experiências Museológicas têm múltiplos tipos de desafios:
1. incentivar jovens futuros professores a pensar e vivenciar os museus, o patrimônio e o próprio conhecimento como algo a ser apresentado e que está de modo difuso nos locais menos esperados;
2. que ao apresentarmos aos públicos qualquer coisa, tema ou  objeto estamos também produzindo conhecimento ou o reproduzindo e o interpretando;
3.que podemos através de nossas ações gerar acessibilidade cognitiva em todas as áreas uma vez que a transposição didática se pode fazer sempre que haja conteúdo;
4. incentivar e promover o exercício da ação criativa, torna-los cientes de que são imitados por zonas de conforto que devem ser vencidas.
Depois há outros tipos de desafios:
1.realizar as exposições e produzir ações educativas sem orçamento de apoio para isso;
2. criar e ocupar espaços que nem sempre estão adequados para receber este tipo de atividade ;
3. buscar apoios institucionais e não só para a realização deste empreendimento;
4. tratar com equanimidade a todos os grupos, temas e trabalhos, sendo que somos humanos e inconscientemente tendemos a privilegiar... ;
5.obter e ou produzir os meios para que a exposição se dê de forma otimizada;
6. potencializar a visitação e frequência de modo a se tornar uma experiência pertinente para todos e um contributo para a formação de públicos.
7. .... infinitos são os desafios!
Bem estamos frente a desafios, tensões, problemas reais e imaginários. Há uma certeza: a de que desejamos e estamos fazendo o máximo para realizar esta exposição que pretendemos ser mais um evento do que qualquer outra coisa.
Programamos:
6 a 12 de Agosto a montagem das exposições (serão 18)
13 de Agosto será Abertura e a avaliação das Experiências Museológicas
14 de Agosto será a exibição dos curtas relativos ao Patrimônio Regional
15 de Agosto será a avaliação das Ações Educativas relacionadas à 7 exposições.

Como e porque se chegou a esse formato?
Uma das coisas que sempre me incomodou como professora de ensino superior foi o esforço que os alunos têm para obter conhecimento e técnicas e a sua reclusão ao âmbito da sala de aula ou do grupo acadêmico restrito. Acredito que quanto maior a interação comunidade - academia mesmo que a saída dos limites dos muros não aconteça, melhor estaremos desempenhando o nosso papel educador. 
A museologia que é com que mais trabalho atualmente, sempre esteve presente na minha prática mas nem sempre esteve explicita. Em 2010 quando integrei o colegiado de História na UVA me propuseram o desafios das disciplinas relacionadas à patrimônio e museologia.
A primeira reação foi de receio em relação à museologia e tranquilidade em relação ao patrimônio uma vez que é o tema de minha eleição prática desde as reuniões do PNDA (Programa Nacional de Desenvolvimento do Artesanato/Min.Trabalho) e o meu tempo de bolsista Pró Memória da UnB (1981 ... 83). A museologia foi sempre algo que eu fiz muito mais intuitivamente ao montar exposições do que refletidamente. 
Em  finais de 2010 tive a oportunidade de entrar em contato com o programa de doutorado da Universidade Lusófona de Lisboa, isso me trouxe um contato breve com o Professor Mário Moutinho e a  Professora Cristina Bruno, me despertou para leituras cada vez mais técnicas mas o que realmente fez a diferença prática foi o convívio com o Roberto Galvão e a sua equipe. Simultaneamente recebi duas orientações acadêmicas que me desafiaram tremendamente: a do Professor Fernando Larcher e a do Professor Henrique Coutinho; o primeiro me fez refletir através de um recorte  historiográfico formal os conteúdos e as temáticas que já vinha trabalhando mesmo tendo uma abordagem interpretativa que não foge a minha formação em antropologia e história da arte e o segundo dentro de uma reflexão da construção de unidades museológicas e expositivas dentro da Ecomuseologia, muito mais interativo e próximo a preservação de identidades. A teoria e a vivência subjetiva de ser de algum modo consequente em nossas práticas.
Descobri muito por questões que são um compósito de questões culturais e de acessibilidade, boa parte dos alunos tiveram reduzidíssima ou nenhuma experiência de visitação ou frequência a museus, percebi que isso se estendia a outros tipos de equipamentos culturais e que o meu desafio imediato seria dentro da adversidade criar mecanismos de sensibilização. A existência de Museus não significa que estes são ou serão frequentados e isso não era de imediato uma percepção, aos poucos fui compreendendo que quanto mais eu poderia aproximar o meu aluno de História do Museu e do fazer museológico maior seria a oportunidade deste perceber como e quando poderia transformar uma visita de estudo em algo mais do que uma desculpa para sair da sala de aula e criar um instrumento didático através dessa frequência.
A primeira experiência se realizou durante 2 horas no CCH em uma sala de aula onde os alunos tentaram criar um panorama da Devoção religiosa na região criando com isso um mapa e um painel com fotografias e informações, em seguida passamos a ocupar os corredores do Centro de Ciências Humanas durante 2 anos, de lá fomos para a sala multiuso da ECOA onde permanecemos 5 anos, em 2016 fomos para o Centro Cultural Trajano de Medeiros no Campus do CIDAO, de lá fizemos dois eventos nos espaços do Memorial da Educação Superior de Sobral e agora voltamos para o Trajano de Medeiros.

Desta vez são 17 grupos  exporem, pensamos em fazer uma mostra de livros publicados pelos professores de História e algo como uma homenagem ao Padre Sadoc com a Cronologia Sobralense.