sábado, 17 de março de 2018

Recuperando ideias







Os anos se passaram, na verdade 23 anos desde que escrevi o texto abaixo para os meus alunos da Escola Secundária de Pinhel... o tempo implacável e inclemente, a sociedade apenas mais distante ....

It was not long ago when the bad guys in movies and comics were the reds, 1918 was the year that the western world divided itself in two blocks : a right and left. Like in everything , right was the symbol of correctness , justice , peace and truth, left on the other hand was seen as the representation of wrongness, disequality, injustice , war and lies. We're at the end of the century now and much of this has altered. Today, 1918 is only a historical reference and we don't speak of the Reds with fear , for many evil has been won by good, there is no strong left to battle against only a right that becomes stronger and stronger.

The 1990's has seen many changes , Reds and communists have been substituted by the fear of street gangs, drug addicts, unhappy Aids victims , religious terrorists and waves of punks , skin heads , neo-nazi , hard rock and acid consumers. The 90's are being marked by loneliness and a need to prove oneself in society , sometimes it feels as if people try to say to others :
Look I'm here !
I'm alive, look at me...
but they don't say :
I need you.
I want love.
Please help me..
until it's too late.

What man has the right to take away the right of another man to live ?
What man has the right to take away another man's peace ?
Who has the right to install fear in such a way that even a shadow is frightening?
Have we seen this before?
Yes, not only once. We've seen fear haunt us every time men have been seduced by faceless dictatorships based on naiveness , injustice, when there is too much energy without waste , when hopelessness is fed by inaction, mediocrity and passiveness.

Today , we  turn on the radio and hear hours and hours of exasperating news. We turn the dial for music to hear hard beats with lyrics that tell us how sad and lost someone feels , how life has no meaning and how hardships just make us stall. Generations have to take a stand , fight to create new hope or let itself be swallowed by this gray cloud of fear and sadness.

I have a little 'pink dream' : find a way of putting a sprinkle of hope and a dash of creativity in everyone I meet .

May 2nd. 1995 - Regina Raick

Ontem a noite no Centro de Ciências Humanas fomos confrontados com a violência de armas apontadas a universitários dentro de um ônibus quando iriam parar para descer e assistir suas aulas, o motorista foi rendido e tentaram um sequestro com os oito alunos ali retidos e ameaçados.

Mil perguntas mas nenhuma resposta real apenas conjecturas.

A violência simbólica e efetiva do ocorrido nos leva a pensar na ironia de que há exatamente um ano estávamos todos mobilizados para defender o ensino e resistir aos elementos de ditadura que se desenham cada vez mais óbvios... como conseguimos em meio às circunstâncias clamar por policiamento e ações de represália quando um dos maiores elementos que vivemos é o medo da violência. Ironicamente em nome da segurança a aproximamos de nossas vidas homens armados, cercas elétricas, vídeo vigilância, alarmes  ao ponto de as transformar em elementos de um cotidiano carcerário.
Me pergunto se a violência de ontem não é uma resposta aos anos em que temos estado ali na fronteira com os bairros chamados de periféricos sem realmente nos abrirmos, apenas um ou outro de nós nos aventurando de visitar o bairro em nome da pesquisa? Como é ser tratado como objeto e ser esquecido enquanto ser pensante que deve ter a possibilidade de entrar em uma sala de aula de uma instituição pública e ouvir o que têm a dizer? 
Por mim o lugar mais seguro é o mais aberto e público; o espaço intelectual mais democrático: é o da dialogia.
Por mim buscaríamos entrar nos espaços que nos circundam e aliarmos  nossos esforços para derrubar os medos e não trazer mais medo e repressão a nossa porta. Todos os jovens e trabalhadores a volta do Centro de Ciências Humanas vivem as mesmas ameaças não podemos deixar de perceber que a resolução temporária para os universitários não nos aproxima de uma ação efetiva para a vida a nossa volta.
Esconder por trás de muros, estacionamentos vigiados, não é viver, é dar força a mais ameaças e evidenciar mais e mais as nossas fraquezas e submissões.