segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Cortinas do Amor e da Liberdade - o argumento






Sei que minhas ideias não são minhas; as ideias são fruto de tudo que vivemos, sentimos, ouvimos, aprendemos, interiorizamos.
Minhas ideias não são minhas, estão no ar ou no limbo da memória, do sentimento coletivo...
O que tenho a dizer, muitos o dizem, o têm dito ou o desejam dizer.
A palavra amor tem uma infinidade de referenciais, tantos significados entre eles: desejo, paixão, ideal...
Amor no dicionário de quem sente parece ser, um estar permanente de sentimento, emoção, recepção e dádiva, formando uma dialética intrínseca com o viver.
Quando comecei o projeto Cortinas do amor, imaginei estar tratando do amor. Imaginei cortinas onde se veriam citados versos e frases que têm expresso e influenciado a compreensão do amor ao longo dos séculos, ultrapassando fronteiras de tempo e culturas. Pensei em frases emblemáticas de sentimento romântico. Quando dei por mim voltava constantemente ao Soneto 43 de Elizabeth Barret Browning, percebi em como alguns poucos meses entre o início do processo de elaboração do projeto desta instalação e hoje tudo mudou.
A vida, a história, vontades e intencionalidades mudam, intercambiam-se com os sentimentos mutáveis de estarmos no mundo.
Amo-te como o justo ama a liberdade”, “amar como o infinto”, “amar eternamente”, fragmentos de noções de amor que se encontram no vôo da alma que clama independência. O amor substancia-se no desejo de igualdade, elementos seguros de almejar a felicidade; nos ideais que nos movem em direção a paz. Na sua forma mais pura e democrática a paz é uma forma de amor.
Cortinas são véus que ora protegem ora revelam, são camadas, como sentimentos que devem ser desvelados. Cada pano é uma fina camada de sentimento , as palavras expressam apenas as referências e alusões do que se esconde na intimidade de nossas crenças. O mundo dos adjetivos apresentam-se como um inventário de desejos, noções que alimentam as nossas lutas e nos transformam em guerreiros em prol do que é justo, do amor, da vida, da liberdade, do conhecimento sem fronteiras ou censuras, de um modo indiscriminado de ser e sentir.
A passagem por estes véus marcarão o encontro com a profundidade do amor, a devoção com que se vela a liberdade, com que se luta pela justiça. Clamarão as noções e ideais com que governamos nossas vidas em busca de algo maior que nós.

Liberdade é a essência do amor.

Cortinas do Amor e da Liberdade - antecedentes
















O ensaio fotográfico que resultou em uma boa centena de fotografias que desejamos mostrar no formato de vídeo, contou com o apoio das seguintes pessoas:
Germana Brito - modelo
Tiago Marques - segunda câmara e assistente de produção
Nilo Albuquerque - apoio, assistente de produção
Micaela - assistente de produção
Davi - assistente de produção
Local: Concha Acústica - Margem Esquerda - Sobral
Regina Raick - Fotografia

domingo, 11 de dezembro de 2016

Cortinas do amor e da liberdade - referência


Pode parecer heresia mas não gosto da versão em Português do Manuel Bandeira , para mim ele deixa de perceber a relação profunda entre idealismo, utopia e amor tão forte nestes versos.





How Do I Love Thee? (Sonnet 43)
Elizabeth Barrett Browning, 1806 - 1861

How do I love thee? Let me count the ways.
I love thee to the depth and breadth and height
My soul can reach, when feeling out of sight
For the ends of being and ideal grace.
I love thee to the level of every day’s
Most quiet need, by sun and candle-light.
I love thee freely, as men strive for right.
I love thee purely, as they turn from praise.
I love thee with the passion put to use
In my old griefs, and with my childhood’s faith.
I love thee with a love I seemed to lose
With my lost saints. I love thee with the breath,
Smiles, tears, of all my life; and, if God choose,

I shall but love thee better after death.

segunda-feira, 10 de outubro de 2016

Arte e rebeldia?


As aulas de História da Arte na ECOA são dois exercícios simultâneos: repassar informação e a criar... Hoje em Tendências Contemporâneas paramos para refletir sobre o quanto a arte e os artistas nos dias de hoje trabalham com a noção do efêmero. Desde a década de 70, no Brasil, temos assistido a constante reivindicação a cerca das artes enquanto instrumento de conscientização, de construção e apoio as vanguardas de todas as áreas e quase contraditoriamente o pensar a preservação da arte a sua manutenção enquanto mercadoria e a sua adaptação aos novos ideais de produção e a adequação destes ao mercado. Paradoxalmente enquanto se deseja destruir o objeto artístico se está constantemente criando novos meios de o transformar em produto.Aparentemente a lei da mercadoria enquanto meio prevalece também onde imaginamos que ela não deveria estar tão arraigadamente presente.Quanto vale a criatividade, a ideia ou uma nova noção? Como se avalia a ousadia, a determinação, a inventividade?O Graffiti, se fosse transformador , seria ilegal afirma Bansky, infelizmente tendo a concordar. Os anos em que tentamos trabalhar a distinção entre pixar e graffitar parecem ter sido há séculos. Hoje qualquer jovem não se surpreende mais com a diferença mas com a preocupação com a distinção, não falamos mais de territórios... até mesmo se passa a cultuar muralistas-grafiteiros. 

Dos atos de rebeldia e ocupação quase anárquica dos espaços os artistas agora submetem-se a terem seus projetos de rebeldia (?) patrocinados, sacramentados e principalmente desviados do seu percurso de rebeldia, conscientização...

Uma das coisas que me chama a atenção é quando: no discurso do artista (protagonista de minha reflexão) encontramos a incoerência de suas ações, a vivência de valores extremos.Não, não estou querendo dizer com isto que o artista deve manter-se na marginalidade nem que o Graffiti, no caso, não é válido; é. 

O que desejo chamar a atenção é que estamos muito longe dos princípios norteadores deste tipo de manifestação e que mesmo nos primeiros anos da década de 80 em São Paulo, Alex Vallauri, já apontava o modo de absorção desta forma de invadir as ruas como materialidade POP, produto de venda e consumo da irreverência...

Acredito que devemos pensar fora de esquadro para podermos pensar.

domingo, 9 de outubro de 2016

Refletir a educação


A verdade é que a minha geração (nasci em 1961) e a geração logo anterior a minha imaginou que depois de viver o AI5 nunca mais voltaria a enfrentar a opressão, a violação aos nossos direitos básicos de construir e um mundo de acordo com ideais e dentro da pluralidade sonhada desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Parece que tudo não passa de ilusão.
A sociologia nos tem revelado o quanto somos incautos. Não percebemos que a perda da liberdade é de todas a maior arma que os opressores têm contra a população, que a educação enquanto instrumento de conscientização é perigosa para as complicadas teias de poder alicerçado na exploração de mão de obra barata, na inadvertida crença de que há certo e errado ... Os teóricos nos fizeram estudar tudo isso e como as lições de Maquiavel os "Príncipes" as colocam em prática... assim ao longo deste último pequeno século lutamos arduamente para fazer valer os Direitos Humanos, os princípios de equidade, fraternidade e solidariedade, tentamos plantar no coração dos homens as sementes da paz.
Teremos fracassado?
Teremos ao estudarmos e difundirmos as lições de Sociológos, Filósofos, Pedagogos, Humanistas enfim, feito mal irreparável ao Ocidente Cristão, temente, consciente, materialista, individualista e se tornando ególatra?
Teremos em busca do justo, plantado o injusto?
Não quero defender ninguém mas não posso imaginar que tudo em que fui levada a acreditar e que por tudo que tenho trabalhado minha vida toda tenha chegado a isso! Intolerância e Intransigência.
A LDB de 1996,  uma carta aberta aos processos democráticos e de igualdade ultrajada por uma Lei Provisória que  desmantela o sistema educacional ... uma vez iniciado o processo de desmobilização do conhecimento, este jamais será recuperado. Livros, métodos, ideias e ideais transformados em lixo porque serão: incinerados os livros, calados os professores que auxiliam a criação de ideias, a abertura de mentes e olhos... reificados serão os ignorantes, os cegos de espírito, os autômatos do poder...
Sem termos ainda compreendido como, ficamos sem Presidente da República Brasileira (impeachment sem culpa ou real comprovação), seu interino destrói por tolice, inconsciência, ignorância, perseguição ou pura maldade, a possibilidade de milhões de cidadãos construírem seus futuros. A ortodoxia ( no seu sentido mais negativo) nos joga de volta a intransigência de uma era Vitoriana que nunca tivemos, a Inquisição (que só vimos de forma ligeira) mas a vivência real e ainda em nossas memórias dos processos do Ato Institucional nº5!

O medo de dizer o que pensa,
o medo de pensar,
medo de cantar,
medo de ser o que se é,
medo do medo,
medo de ter esperança,
medo do amigo,
confidências inconfessáveis,
silêncio!
Não poder ler,
não poder ver,
não poder pensar,
não poder...
Silêncio,
cala,
atrofia,
mata.


não quero deixar de herança camisas de força, enforcados,
Não quero imaginar que não há ciência e que a Ciência se esvai entre mãos de ignóbeis poderosos bastardos do saber, do pensar, do ser ...
Quero ver e ouvir o grito da liberdade, da independência, da autonomia dos povos, da autodeterminação!

Me desculpem,
 sou professora,
 acredito no que sou e no que faço!

domingo, 2 de outubro de 2016

Tendências Contemporâneas


Dentro de alguns dias começaremos a refletir sobre a orientação do Roberto Galvão sobre as Tendências Contemporâneas nas Artes Visuais. Andei fazendo minha pesquisa e revendo anotações, observações, pesquisando através do ciberespaço... enfim tentando ver do que se tratar fazer arte aqui e agora...
De fato: não sei bem. Em uma primeira visita parece que nada mudou muito desde os anos 80, mas lá se vão trinta e tal anos... o que sentia então era um certo desconforto ao perceber que os meus colegas de sucesso em sua maioria pareciam que tinham deixado de saber desenhar, pintar, usar os materiais básicos, quando não pareciam realizar trabalhos cheios de gratuidade, sem reflexão de certa forma oportunista... a verdade é que muitos dos meus colegas de então se perderam no caminho e hoje ninguém sabe o que fazem... desapareceram. 
A arte e a produção artística é assim: quem não tem conteúdo se perde no passar do tempo ou como diria o poeta nas areias.
Hoje muita coisa se faz, ou talvez a divulgação é extraordinariamente maior, muito do que conclamamos é arte efêmera e arte pública, as relações entre espaço e tempo se estreitam na medida em que a produção artística se faz tanto pela execução da obra quanto por sua documentação. As relações estreitas entre tecnologia, principalmente a informatização, os processos digitais e virtuais de construção parecem dominar, ao mesmo tempo somos confrontados com o gigantismo na arte em contraposição aos espaços que habitamos.
Isso me leva a outra trama de indagações: as galerias?
 A arte continua a ser produto de consumo? 
Onde e como esse mercado opera?
Questões pertinentes para os sonhos dos jovens artistas e produtores, espero que teremos respostas que não sejam as de nos dizer que temos que entrar no jogo do marketing e passarmos a ser "industria criativa" ... operários da arte.

Imagem atribuída ao Bansky retirada da internet... sem informações.

domingo, 25 de setembro de 2016

Como será? VISUALIDADES VIII

Porque uma boa ideia não morre nem se apaga!

VISUALIDADES 2015 Preparativos



Já estamos nos preparando para o VIIIº VISUALIDADES - 2016


Outros Tempos, novos procedimento

Outros tempos, novos procedimentos ....


As vezes precisamos ser chamados a atenção de que não divulgamos o que fazemos....

Estranhamente toda vez que me chamam para opinar sobre eventos e processos de divulgação chamo a atenção ao fato de que precisamos nos adaptar e principalmente usar/usufruir do que a contemporaneidade tem a nos oferecer.
Qual o meu pecado pessoal, não faço o que prego.
Nas próximas semanas vou tentar colocar aquí o registro de algumas práticas pedagógicas que tenho trabalhado nestes últimos 3 a 4 anos, estas experiências são fruto do convívio com um Artista Educador de primeira grandeza: Roberto Galvão Lima.
Artista Plástico toda a sua vida profissional, gravador (mestre na xilogravura), Historiador por formação acadêmica, Arte Educador por sua prática generosa de oferecer os caminhos a quem os busca e pela formação junto a Professora Doutora Ana Mae Barbosa, mas fundamentalmente por criar projetos como Olhar Aprendiz e a ECOA - Sobral, onde tenho vindo a trabalhar ao seu lado acredito que impulsionando jovens e alguns nem tanto assim a alçarem vôo na busca de sua realização criativa.

Assim irei publicar o relato do que temos feito nos cursos de História da Arte (ECOA), Experiências Museológicas (UVA), Educação Patrimonial (UVA), Montagem de Exposições (ECOA), o Programa Vidas em Ascensão ( ECOA/PETROBRAS ).


Aula de Montagem de Exposições (ECOA)
Exposição ECOA no North Shopping Sobral

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

Como chegamos a criar Experiências Museológicas






O tempo passa muito rápido!
As disciplinas de Prática Museológica e Ação Educativa em Museus está na sua terceira versão, já se passaram 5 anos, 10 semestres em que a cada novo momento se faz uma avaliação. Observa-se e dentro de nossos recursos e limitações se tenta adequar as realidades, atender aos desafios, superar impasses, conquistar novos espaços.
As primeiras exposições realizadas aconteceram dentro do espaço do CCH, estávamos em casa e tudo se tornava mais modesto especialmente porque o esforço para esta apresentação se limitava a duas horas.... Dias pensando, reunindo materiais, a pesquisa , a execução de um projeto museológico capaz de ser apresentado com os recursos existentes adequados as realidades de escolas e de alunos. Como a professora da cadeira, acredito que não devemos apresentar o que não somos capazes de realizar, temos que ser realistas frente as nossas aptidões, acreditar no potencial criativo destes que serão os educadores do e para o futuro.
A experiência traz o reconhecimento e a valorização da realidade, preparar uma exposição pequena ou grande e a sua ação educativa é em si mesmo um processo pedagógico de formar públicos, criar a consciência no professor. A educação se faz a todas as horas e em qualquer lugar mas é preciso que nós enquanto agentes destes processos  os conheçamos e os incorporamos em nossas práticas.
Queremos estimular a criatividade, queremos ter uma boa cotação (rating) educativo mas não estimulamos o olhar para além do quadro branco, da sala de aula, dos muros das escolas.
Secretários de Educação, Prefeitos, Diretores de Escolas, Professores, Alunos não devem pacificamente aceitar que não há verba para a visita ao museu, a ida ao jardim,  conhecer o teatro ou assistir uma peça musical, a cultura não é lazer nem divertimento, não é preenchimento de tempos livres, a cultura é a experiência que se transforma em aprendizado, em vida, em consciência.
Hoje sinto muito orgulho como professora, meus alunos, (é claro que nem todos de verdade só por obrigação), aceitaram o desafio e mais uma vez (a segunda), vão ocupar um espaço nobre, digno de seu esforço e criatividade. Experiências Museológicas, ocupará o segundo andar da ECOA, nesta edição serão 22 trabalhos, divididos por quase 90 alunos.
Esta postagem é uma explicação e um convite do que vai acontecer.
Março dia 2, 2016.