Sei
que minhas ideias não são minhas; as ideias
são fruto de tudo que vivemos, sentimos, ouvimos, aprendemos,
interiorizamos.
Minhas
ideias não são minhas, estão no ar ou no limbo da memória, do
sentimento coletivo...
O
que tenho a dizer, muitos o dizem, o têm dito ou o desejam dizer.
A
palavra
amor tem uma infinidade de referenciais, tantos significados entre
eles: desejo, paixão, ideal...
Amor
no dicionário de quem sente parece
ser, um estar permanente
de sentimento, emoção, recepção e dádiva, formando
uma dialética intrínseca
com o viver.
Quando
comecei o projeto Cortinas
do amor, imaginei
estar tratando do amor. Imaginei cortinas onde se veriam citados
versos e frases que têm expresso e influenciado a compreensão do
amor ao longo dos séculos, ultrapassando fronteiras de tempo e
culturas. Pensei em frases emblemáticas de sentimento romântico.
Quando dei por mim voltava constantemente ao Soneto 43 de Elizabeth
Barret Browning, percebi em como alguns poucos meses
entre o início do processo de elaboração do projeto desta
instalação e hoje tudo mudou.
A
vida,
a história, vontades e intencionalidades mudam, intercambiam-se
com os sentimentos mutáveis de estarmos no mundo.
“Amo-te
como o justo ama a liberdade”, “amar como o infinto”, “amar
eternamente”, fragmentos de noções de amor que se encontram no
vôo da alma que clama independência. O amor substancia-se no desejo
de igualdade,
elementos
seguros de almejar a felicidade; nos ideais
que nos movem
em
direção
a paz. Na sua forma mais pura e democrática a paz é uma forma de
amor.
Cortinas
são véus que ora protegem ora revelam, são camadas, como
sentimentos que devem ser desvelados. Cada pano é uma fina camada de
sentimento , as palavras expressam apenas as referências e alusões
do que se esconde na intimidade de nossas crenças. O mundo dos
adjetivos
apresentam-se como um inventário de desejos, noções que alimentam
as nossas lutas e nos transformam em guerreiros em prol do que é
justo, do amor, da vida, da liberdade, do conhecimento sem fronteiras
ou censuras, de um modo indiscriminado
de ser e sentir.
A
passagem
por estes véus marcarão o encontro com a profundidade do amor, a
devoção com que se vela a liberdade, com que se luta pela justiça.
Clamarão as noções e ideais com que governamos nossas vidas em
busca de algo maior que nós.
Liberdade
é a essência do amor.