domingo, 26 de fevereiro de 2017

Entre o olhar, a fotografia e a arte



Entre o Olhar a fotografia e a arte




In all things, moral and intellectual, we should act on the belief that we really possess only what we have conquered
ourselves that we are made perfect by natural habits, but slaves by social conventions; and that until we have become
accustomed to beauty we are not capable of truth and goodness, for by beauty we mean the principle of harmony which
is the given order of the physical universe, to which we conform and live, or which we reject and die (Read, 1944,
p. 25).


Em todas as coisas
seja da moral ou da intelectualidade
devemos agir
como se na verdade só possuíssemos
o que realmente temos conquistado por nós mesmos,
por aquilo que tornamos perfeito pelo habito
mas escravos pelas convenções sociais ...
até que tenhamos nos tornado habituadas à beleza
não somos capazes de professar a verdade ou a bondade,
por beleza infiro na harmonia que ordena o universo físico
perante o qual nos conformamos e vivemos
ou rejeitamos e perecemos.
(H.Read, 1944)

Em um tempo em que tudo parece se transformar em incógnitas tendemos a buscar certezas mas essas se perdem frente a dureza da realidade ou no abraçar de sonhos vãos.
Utopias , pequenas e grandes ilhas, ilusões ou miragens que nos fortalecem com esperança, assim é a juventude, assim é termos um propósito ulterior.
Ao tentarmos apreender o mundo queremos apresentar tudo, queremos ser capazes de ultrapassar barreiras, fronteiras entre o conhecido e o por conhecer, quem tem esse propósito se verá sempre frente ao enorme desafio que é romper as convenções e de certa forma provar como Colombo ou Einstein que o mundo se forja de mais do que o aparente. Na linguagem científica, clamo para que se entenda que é preciso romper paradigmas e construir e dar saltos epistemológicos reais para se poder criar… não ter medo, ser perseverante, desafiar princípios estabelecidos.
Herbert Read ao longo de sua trajetória sempre clamou pela importância da arte, para ele a essência reside no encontro, reconhecimento e produção da linguagem visual, na libertação dos cânones, na vivência criativa.
Qual o grande dilema que decorre dessa postura?
Ao quebrarmos com o estabelecido forçosamente abdicamos de rotinas e com elas rejeitamos o status quo… a sociedade até então existente, programada, deixa de o ser, e as expectativas são ilusões porque tudo terá que ser construido, redimensionado.

A arte avança com a liberdade e arrasta as ciências … se olharem para os avanços extraordinários no âmbito da tecnologia virão que estes apenas atenderam a demandas criadas pelos desafios que a arte impõe; exemplos disso são a resistência de materiais para ultrapassar grandes vão arquitetônicos, a necessidade de gravar os sons, criar ilusões ópticas … A comunicação e os processos e linguagens usados pela hoje ciência da comunicação nos revela o quanto o mundo e as culturas têm transformado.

Das primeiras pixações encontradas na Grécia e Roma, à catequese na forma de desenhos em quadrinhos, do século VIII, (os mais antigos conhecidos), a qualquer forma de linguagem frequente na contemporaneidade, percebemos que na interação entre a imagem e a palavra o receptor é induzido a um campo de significados que está posto pelo criador dessa associação possível.

Onde queremos chegar?
A imagem é sempre fruto de uma escolha que interage em um processo que relaciona a intimidade de quem olha e vê com a daquele que olha, recorta, compõem e apresenta… estamos sempre construindo e reconstruindo realidades formando o calidoscópio do mundo que é infinitamente maior e mais complexo do que aquilo que definimos como realidade nos apresenta.

O olho + um meio + um desejo/objetivo = uma interpretação

Um fotografo + uma máquina + um objeto a ser retratado = uma história

Quando o retratar é documento? Quando ele se transforma em arte?
Pessoalmente eu perguntaria quanto tempo és capaz de lembrar? Retomar na retina de tua memória a imagem, ela ilustrou ou significou?
Hoje estamos aqui para apresentar possibilidades e funções… estabelecer paralelos, na verdade somar e não dividir.

Qual o papel da ilustração, será de apenas reafirmar? Acredito que não, uma imagem tem mais do que semântica, a boa imagem traz com ele sentimentos, emoções, compartilha uma atmosfera… nem todos compreendem isso, mesmo em um mundo de imagens, visual, como vivemos a maioria é meio que analfabeto visual, só lê o que está na cara, gritante… penetrar as sutilezas da informação visual requer que se pare mais que 10 segundos frente a imagem, é preciso pelo menos 20 a 30 segundos … parece pouco mas não é.
Hoje a grande maioria das pessoas acreditam que em 5 segundos terão visto, passar os olhos não é ver, o olhar passa e reconhece… o enquadramento gera interpretação… pense no manuseio que fazem dos seus celulares, como usam a máquina fotográfica, o coleção de imagens, retirando os selfys, representa e informa o que sobre o seu mundo? Podemos interpretar as relações que estabeleces através das tuas imagens ou da coleção que reténs?
Instagram, Pintrest…


A antropologia visual e o fotojornalismo podem ser interpretados como faces de uma mesma moeda….